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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Das geheime Leben der Bäume
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-85-431-0466-9
Editora: Editora Sextante
A humanidade deve muito às árvores. Não apenas “limpam” o ar que respiramos: elas também contribuem para assegurar a disponibilidade de água, mesmo nas áreas mais remotas do planeta. Só para ilustrar, sem árvores, os seres humanos não seriam capazes de viver, uma vez que grandes extensões de terra secariam.
Como você provavelmente se lembra de ter aprendido na escola, o ciclo da água se inicia pela evaporação dos oceanos. Depois, há o fenômeno da condensação em nuvens de chuva que, por sua vez, cai em rios que fluem de volta ao oceano.
Antes de mais nada, essa explicação direta não menciona um fato significativo: sem a existência de árvores, todas as chuvas atingiriam, apenas, um raio de 600 km da costa marítima, secando totalmente o interior dos continentes.
Por certo, as árvores seriam, na analogia de Wohlleben, “enormes bombas de água”, transportando maiores volumes para o interior dos territórios. Quando a chuva cai em uma floresta próxima ao litoral, muito de sua água permanece nas folhas das árvores e no solo, permitindo a repetição do ciclo.
As árvores não são apenas um componente significativo do clima. Elas são, também, a base para os solos nos quais os nossos alimentos são cultivados. Ademais, as árvores se comunicam com a terra de muitas formas diferentes.
Surpreendentemente, a maior parte do solo é feito de árvores. Quando o planeta ainda era jovem, não havia muitos elementos além de minerais (por exemplo, penhascos e rochas), ar e água.
Fragmentos dessas falésias erodiram ao serem atingidas pela chuva e pelo vento. Com o passar do tempo, converteram-se em cascalhos ou areia. As primeiras algas e organismos unicelulares habitavam esses locais.
Plantas pequenas e, finalmente, as primeiras árvores, nasceram depois dessas biomassas. Após a morte desses organismos, eles se decompuseram e, com a ajuda de minúsculos microrganismos, tornaram-se húmus, voltando para a terra de onde surgiram.
Portanto, na forma de óleo e carvão, esse solo contém as árvores que morreram há muito tempo. Os vegetais vivos também estão ligados ao solo de várias maneiras. De fato, as árvores estão conectadas a ele por meio de suas raízes, absorvendo as águas que são levadas para as suas folhas e realizando a fotossíntese.
Sem a presença de árvores, não teremos água para beber, somente ar (de péssima qualidade) para respirar e quase nenhum solo fértil. Assim, é imprescindível compreender como é a vida delas.
Todos os tipos de árvores seguem uma dinâmica reprodutiva distinta. Isso significa que algumas possuem pequenas sementes que são espalhadas pelo vento, ao passo que outras, como os carvalhos, têm sementes maiores que normalmente são espalhadas com o auxílio de animais.
O destino delas é determinado pelo acaso e cada uma gosta de um ambiente distinto. Dito de outra forma, há espécies que se desenvolvem lado a lado – um bom exemplo são as bétulas, que demandam a proteção da floresta.
Outras árvores, como os álamos, geralmente ficam por “conta própria” nos prados, onde podem saborear dias inteiros de sol e muito espaço. No entanto, isso definitivamente os coloca em risco de tempestades e outros fenômenos naturais similares.
Infelizmente, as probabilidades de uma semente desse tipo de árvore resistir às intempéries são muito baixas. De modo geral, elas repousam em locais em que não podem crescer bem ou encontram circunstâncias que coíbem seu desenvolvimento.
As árvores jovens formam, segundo o autor, uma “personalidade” ao crescerem. Ao longo dos anos, aprendem mais sobre o ambiente que as cerca e como devem agir corretamente nele.
Wohlleben sustenta que a personalidade difere entre elas, assim como nas pessoas. Algumas podem ficar nervosas, outras são mais ousadas e assim por diante. Certamente, tendemos a considerar que elas não fazem nada.
Porém, quando a temperatura esfria, elas perdem as folhas. A primavera chega e elas desenvolvem botões e folhas. Não obstante, esses processos não são tão fáceis quanto parecem.
Por exemplo, nas terras do autor, existem 3 carvalhos se desenvolvendo juntos. O tronco de cada um quase toca o de seu vizinho. Durante o outono, um deles começa a perder, regularmente, suas folhas duas semanas antes que os outros.
Como todos vivenciam o mesmo clima e solo, esses tipos de fatores não podem ser a explicação. Portanto, o que há de errado? Na verdade, esta árvore é menos cautelosa que as demais: quem segura suas folhas por mais tempo pode realizar mais fotossíntese e armazenar mais nutrientes.
O fato de que as árvores sejam capazes de aprender a lidar com o perigo é uma descoberta científica maravilhosa. Ainda mais interessante é o conhecimento de que elas também gostam de discutir o que aprenderam: com aromas e com mensagens à distância.
Em outras palavras, elas podem entrar em contato, até mesmo, com outras espécies. Nesses casos, fazem uso do aroma, produzindo feromônios diferentes de acordo com a situação.
Wohlleben relata que muitas são verdadeiramente engenhosas. Se, por exemplo, um pinheiro silvestre ou um olmo passa por infestação de lagartas, produz um odor destinado a atrair uma pequena espécie de vespa.
Ou seja, esses insetos voam para a árvore afetada e colocam ovos que, ao eclodirem, suas larvas invadem o espaço e consomem as lagartas. Agora que chegamos na metade da leitura, vamos conhecer melhor alguns aspectos da vida secreta desses vegetais extraordinários.
Árvores não são estúpidas. Elas sabem que dependem de seus ambientes e membros da mesma espécie, podendo contatá-los. Logo, não é exatamente uma surpresa que elas se ajudem sempre que ocorre um problema.
Na maioria das vezes, elas notificam seus pares acerca de prováveis riscos, fazendo uso de odores e da rede de fungos que as conectam. Esse recurso funciona muito bem. Na savana africana, por exemplo, as girafas adoram comer as altas acácias.
Em poucos minutos, uma acácia pode emitir veneno em suas folhas e, simultaneamente, liberar um gás de alerta, avisando outras árvores dentro de um raio de 100 metros.
Por sua vez, as girafas entendem esse mecanismo: dirigem-se, rapidamente, para outras árvores que estão a mais de 100 metros de distância ou para aquelas que estão contra o vento para continuar comendo.
Contudo, durante um certo período, os ambientes imediatos das acácias ficam seguros contra novos ataques. Outra ação desses vegetais consiste em atender aos “colegas” enfermos e desnutridos.
Sabemos que as árvores usam fungos para disseminar informações nas florestas. Estes microrganismos fazem isso por meio de seu micélio – uma rede de filamentos semelhantes a fios. No entanto, há outros níveis de colaboração.
Os fungos, por exemplo, ajudam uns aos outros a obter água e nutrientes. Esse trabalho em equipe começa quando um fungo permite que alguns filamentos se desenvolvam nas raízes da árvore.
Depois, o processo se inicia: eles auxiliam as árvores a elevar a absorção de água. Em certas ocasiões, o solo fica bastante seco e os vegetais não conseguem extrair quantidades adequadas apenas com suas raízes.
Como os filamentos dos fungos são muito finos, penetram mais profundamente no solo, retirando água e nutrientes para transferi-los à “sua” árvore. Em troca, recebem o açúcar fabricado pela fotossíntese. É um bom negócio: as árvores agrupam os fungos que armazenam o dobro de nitrogênio e fósforo.
Aprendemos como as árvores se avisam quando são atacadas (por besouros, girafas, dentre outros). Os danos que elas suportam nesses momentos são intensos e, por esse motivo, buscam evitá-los por todos os meios.
Semelhantemente, existem vários tipos de lesões que uma árvore pode sofrer. Os principais causadores desses males são, definitivamente, os animais: os pica-paus cravam buracos no tronco, os besouros perfuram a casca e consomem quase toda a madeira viva. Há, ainda, animais, como os cervos, que se alimentam de seus brotos.
Ao mesmo tempo, os pulgões se prendem às folhas e sugam seu líquido, que contém açúcar. Infelizmente, esse fluido (considerado o “sangue das árvores”) possui baixas concentrações, de modo que estes insetos precisam tragar muito.
Em contrapartida, todo líquido precisa ir para algum lugar, não é mesmo? Isso pode ser observado quando, por exemplo, estacionamos o carro sob uma árvore que está sendo sugada por pulgões e, ao retornarmos, notamos uma substância pegajosa pontilhando a superfície externa do automóvel.
A ideia que as pessoas formaram acerca das árvores é ultrapassada. Para o autor, o campo florestal também está desatualizado. Hoje em dia, a silvicultura tradicional, praticada em quase todos os lugares da Alemanha, faz algumas coisas incorretamente.
Assim, as atividades florestais reduzem-se, basicamente, à extração de madeira. Há muito tempo os engenheiros florestais adotaram um posicionamento equivocado: acreditavam que as árvores mais jovens produziam mais e mais rápido em comparação aos exemplares mais antigos.
Afinal, descobriu-se que essa concepção não é correta. Árvores jovens realmente crescem mais rápido. Na maioria das florestas, elas são derrubadas quando se aproximam dos 100 anos de idade.
Apesar disso, as faias, por exemplo, não atingem a maturidade sexual antes de chegarem de 80 a 150 anos. Nenhum ecossistema funcional pode subsistir em florestas que têm apenas alguns tipos que devem ser rapidamente cortadas.
Em termos práticos, nesse contexto, as árvores não trabalham em conjunto com os fungos e, tampouco, notificam umas às outras sobre ameaças. Isso leva a florestas insalubres, suscetíveis às pragas e absolutamente improdutivas.
Por outro lado, as florestas naturais são realmente produtivas. Um campo florestal – por mais que esteja sob intervenção humana há algumas décadas – que reproduz a dinâmica natural permite a elevação da produção de madeira, tanto do ponto de vista qualitativo quanto do quantitativo.
Tenha em mente que os tipos de colaboração expostos por Wohlleben ocorrem exclusivamente quando os organismos de um determinado ecossistema convivem no mais perfeito equilíbrio e harmonia.
Ao derrubá-las, é indispensável proceder com cautela, de modo que não basta simplesmente se dirigir à floresta com motosserras. Quem sabe que as árvores possuem memória, que sentem e convivem com seus filhos, não poderá se dar ao luxo de derrubá-las indiscriminadamente.
É altamente recomendável procurar pelas árvores que já cumpriram seu papel no ecossistema a que pertencem e, sobretudo, aquelas que habitam localidades nas quais outras árvores podem crescer rapidamente e assumir o controle exercido por suas predecessoras.
Cumpre ressaltar, por fim, que as árvores são organismos, infelizmente, desvalorizados. Elas podem fazer muito mais do que, normalmente, compreendemos, pois, se comunicam, ajudam umas as outras, possuem sentimentos e são capazes de se adaptar de acordo com o ecossistema em que estão inseridas.
O nosso autor, portanto, enfatiza a necessidade de respeitarmos as árvores e cuidarmos de seu bem-estar, assim como fazemos (ou, pelo menos, deveríamos fazer) com os animais.
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Peter Wohlleben (Bona, 1964) é um engenheiro florestal e divulgador científico alemão, conhecido por suas obras populares sobre temas ecológicos. Bacharel em Engenharia Florestal em Rotemburgo, começou a trabalhar como guarda florestal do governo da Renânia-Palatinado em 1987. À medida que trabalhava com as florestas que supervisionava, ele ficou desencantado com os danos causados pelas técnicas e tecnologias empregadas, incluindo o corte de árvores maduras e o uso de inseticidas. Em seu livro de 2015 sobre florestas naturais, Das geheime Leben der Bäume: Was... (Leia mais)
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